quarta-feira, 12 de março de 2003

O Lamas, aquele lugar estranho
Sempre fui figurinha fácil por lá, seja pra tomar um chopex com os amigos ou pra comer. Mas volta e meia acontece alguma coisa bizarra por lá. Apesar de sempre encontrar alguém conhecido, principalmente à noite, sou obrigada a admitir q deve existir algum porta pro mundo paralelo por lá: o lugar pra reunir gente estranha, dos freqüentadores aos garçons. Lembrei de 3 estórias bizarras pra divertir meus leitores.

Cena I
Essa, infelizmente, eu não presenciei, apenas soube do relato.
Tava lá meu amigo Guilherme Valente, acompanhado do Maggi Marigato. Numa outra mesa ele viu uma moça a quem tinha sido aprensentado na sexta anterior na Matriz, com quem tinha conversado e tentado emplacar um biscatinho. Ela tava sozinha e seu chope tava acabando. Ele chamou o garçon.
– Tá vendo aquela moça ali? Leva um chope pra ela na minha conta.
– Não vou fazer isso.
– Ahn? Cê tá brincando, né? Pq não?
– Pq não. Não posso fazer isso.
Dizendo isso o mau humorado virou as costas e foi embora. Qndo cheguei Tio Guigo me contou morrendo de rir.

Cena 2
Tô lá almoçando ou jantando, não lembro. Sei q depois de vááárias Pepsis Light (acho q a única restrição q faço ao Lamas é não terem Coca Light) fui fazer xixi. Entro no toalete (êta banheirinho ruim, hein?) e a meu reservado favorito tava ocupado. Sim amigos, sou estranha, tenho predileção por uma ou outra casinha nos banheiros dos lugares q freqüento, mas não ao ponto de ficar esperando vagar: entrei na outra. Percebi q a sortuda q tinha entrado antes de mim no banheiro tava falando enquanto fazia suas necessidades. Pensei 'tá no celular'. Tô lá fazendo meu xixi e percebo q a criatura do outro lado da divisória não tava no telefone! Falava sozinha! Eu hein, gente estranha, falando sozinha num banheiro público, pensava eu. De repente ela aumenta o tom de voz e começa a esbravejar 'puta, puta, puta!'. Assustei. E eu nem tinha batido na porta dela! tratei de terminar rapidinho. Nisso ela grita de novo 'vou te pegar'. Lavei as mãos correndo, olhando pra porta dela pelo espelho o tempo todo. Vai q ela abre já me cobrindo de porrada ou, pior ainda, me taca merda? Saí correndo e voltei pra mesa. Ainda bem q dava pra observar a porta do banheiro. Demorou ainda um bom tempo e saiu de lá uma senhora meio esquisita. O mundo é mesmo muito estranho.

Cena III
Tamos lá almoçando de novo. Pior q sentei na mesma mesa do dia da velha maluca do banheiro. Ma. me acomodei e noto q o bruto da mesa imediatamente atrás da gente fala alto pra cacete. Já me irritei. Pra q falar tão alto? Não tô interessada no papo dele, e mesmo q tivesse, não sou surda, posso ouvir perfeitamente se ele falasse mais baixo.
"Paulo, pq ela fica se metendo? Pq ela persegue a Gabriela?". Paulo respondia tão baixo q eu não ouvia, e poderia até pensar q o bruto falava sozinho. Dei uma olhada pra trás. 2 coroas almoçavam um de frente pro outro. O de camisa verde era o nervosinho. O de pólo laranja era Paulo. "Gabriela é boba. Ela devia dizer pra ela q ela é pior q a criôla, pq o marido dela trocou ela pela criôla. Fulano lembrou isso muito bem. Papai foi embora com a criôla".
Eu, hein. Q papo non sense. Além de falar alto demais o tal era racista. Mas ainda ia piorar. "Mamãe precisa morrer logo, quero q ela morra logo pra humanindade ficar melhor. Mamãe é inimiga dos direitos humanos!". Caracoles, a criatura de quem ele falava era a própria mãe? É, ela devia ser péssima, pariu ele!
Dei uma olhada no bruto. Já devia ter passado dos 60. Então a terrível tirana q ele tanto odiava já devia estar pelos 90.
Ah! então tá! Uma velhota, bem provavelmente senil, era inimiga dos direitos humanos e devia morrer pra humanidade ficar melhor. Pq ele não explicou logo!

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