Tá, também não é um dia muito ruim. É segunda-feira, né? Não dava pra ser muito bom.
Como sempre, acordei antes do despertador e fiquei olhando pro teto até ele tocar. Pensei "hoje eu não vou trabalhar, foda-se". Desliguei e continuei deitada até estar quase atrasada. Fui olhar o tempo e tava um dia lindo. Pensei "hoje eu não vou trabalhar. Foda-se. Vou pra praia. Foda-se chegar bronzeada amanhã. Foda-se que meu chefe lê meu blog. Tá um dia bonito demais pra me trancar na repartição". Fiquei na janela olhando o céu até estar atrasada.
Fui tomar banho. Lembrei que amanhã tenho uma reunião na qual vou fazer uma fast apresentação e precisava de alguns dados pra preparar o que vou falar. Além da reunião semanal, tenho uma reunião mensal com todos os jornalistas da repartição. "Tá, eu vou trabalhar. Que merda". Tomei café e me arrumei. Resolvi que era um bom dia pra sair de sapato alto, pra olhar o mundo de cima. Peguei meu maior sandalhão, aquela que só uso quando saio fantasiada de travesti. O espelho com a faixa "tenha fé", tirada da minha fantasia de vendedora de orações do Império Serrano, confirmou que estava linda e enorme. Desci me sentindo charmosíssima dando passos pequenos e calculados, pra não adernar, topar numa pedra, virar o pé num buraco. Andei 200 metros e capitulei. Ainda que conseguisse subir no ônibus, não conseguiria chegar na repartição. Eu desço num ponto imundo, subo uma passarela, desço, entro na repartição, ando quase 10 minutos entre ladeiras, matos e calçadas enlameadas e quebradas. Não ia rolar. Voltei pra casa e calcei a rasteira laranja de todos os dias maldizendo a repartição.
Saí de novo, andei até o ponto, peguei um ônibus quente e sujo. Fui sentar e havia biscoitos maizena esmagados no banco que tinha janela. Sentei em outro, do lado do sol, sem janela. Os ônibus para a repartição são nojentos, sujos, sórdidos, quentes, barulhentos. Eles sacodem, as janelas batem, os passageiros quase todos tem aparência de mendigos. Muito auspicioso para começar o dia.
Cheguei no trabalho feliz como sempre. Subi a ladeira arrependida de ter vindo. Ao entrar na sala uma colega perguntou se aconteceu alguma coisa, porque eu tô abatida. "Acho que tô ficando resfriada". Realmente, meu corpo está moído. O calega que me passaria os dados não veio trabalhar, o filho está doente.
O almoço estava horrível. Tô com dor de cabeça. Hoje não é um bom dia.
14 comentários:
As vezes tenho esse pensamento também, mas sou uma frouxa e sempre venho pro trabalho =/
Tenho esse pensamento todos os dias e todos os dias venho para o trabalho. Não sou frouxa.
Eu as vezes tenho esse pensamento... e as vezes realmente nao vou trabalhar... mas fico MORRENDO de consciencia pesada... entao, aprendi q devo ir... e tentar sair mais cedo... hehehe
Nao adianta... segunda eh segunda....
Pois pra mim o pior dia é quarta.Segunda eu sempre tenho algo pra contar/ saber do finde, mas quarta é o meio da semana; já estou cansada de seg, ter, e ainda tem qui e sex.
Se tiver que pegar ônibus de manhã eu não vou trabalhar, tenho que morar bem perto e ir a pé, também almoçar em casa não é nada mal. Moro no centro só arrumo trabalho no centro, esse negócio de atravessar a cidade para trabalhar não tem chance comigo.
Fernando, pra morar perto do trabalho e ir à pé, atualmente, só se eu for morar na favela. Melhor pegar ônibus.
Eu sempre penso em não ir , mass digo"fazer o que quem mandou nascer pobre, morar no agreste e ir a pé pro tralhado fantasiado de adévogado, vai calado seu besta"...
Rui, vc merece.
Por isso te adoro!!!
A colega foi para a praia com o filho.
Não, filha. O filho dele passou por uma cirurgia ontem.
Rui, nos estamos muito envolvidos, melhor a gente cortar relações. kkkk
Brincadeira!
Vamos ter DR???
Aqui mesmo, posso começar..
kkkk
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