domingo, 4 de janeiro de 2015

Recaída

Tô estranha desde o Natal, nem sei, talvez dezembro todo. Acho que got dias tão corridos, que só agora caiu a ficha. Num sei se foram as festas mesmo, a cirurgia, a vida. Sei que o balde transbordou de novo. 

Queria chorar, mas não consigo. Não sinto nada. Mentira, sinto medo. Parece que algo oprimindo meu peito e não me deixando respirar direito, roubando parte do ar que preciso. Estou paralisada. 

Tinha pensado que não queria nada, que queria me trancar em casa, desligar a campainha e os telefones e dormir. Pensei em fugir e em morrer, mas nada faz diferença do fim e ao cabo. Não sinto nada e não queria nada. Queria ser desligada, apertar um botão off.

Sinto medo. Sinto medo porque as pessoas têm expectativas a meu respeito e não estou em condições de atender. Não consigo trabalhar, não condigo estudar, ler ou escrever. Não quero ir a lugar nenhum. Não quero ver ninguém. Não quero fazer nada. Quero nada. Tô nada.

O negócio, o grande negócio, a merda toda é que não posso ser nada, não é permitido. Preciso produzir. Não consigo produzir. Tenho medo da cobrança. Quero me esconder.

Que merda. 

Vou tomar um Stilnox e ver de durmo.

7 comentários:

Rafaela disse...

Poxa, roberta, é uma pena que se sinta assim. Tem tanta gente que te ama...eu mesma, so te conheço de
Ler suas historias por aqui, mas gosto de vc q só...entendo o q vc passa, pois ja tive depressao. Vontade de sumir, de morrer, de n fazer nada....deventrar num buraco e sair do mundo. Consegui me curar, e daqui do outro lado da doença, te falo: vale a pena esperar acabar. Minha vida hj eh feliz e me sinto bem. Teria me arrependido muito se desaparecesse pra sempre, pois hj estou otima e vivo coisas boas. Nao trocaria sumir naquela epoca pelo q me tornei hj. Finalizando, torço mt por voce! Fique bem.

Pri Rivera disse...

“um belo dia, você percebe que tudo aquilo que lhe fazia feliz, simplesmente não lhe causa nenhuma emoção. Nada mais te anima, nada mais lhe dá algum sentido, nada mais consegue te fazer esquecer um pouco das coisas ruins. Você se entrega a mesmice e a uma enorme vontade de não fazer nada”
Sei como se sente, mas quando menos imaginar vai estar vivenciando dias melhores, já passei por muita coisa ruins na vida, e posso te afirmar elas passam. Seja forte.

Anônimo disse...

"tem dois tipos de medo[...]... O meu é de quem finge que nada é perigoso. O seu é de quem sabe que tudo é perigoso nesse mar imenso."

Trecho do filme 'Praia do Futuro' de Karim Ainouz...
No fim das contas todo mundo tem medo.

Anônimo disse...

Roberta, ânimo garota! A vida não é nada fácil, com depressão então, fica quase que insuportável, mas acredite que você pode, consegue e vai vencer. Não desista de você! Bjs...
Patricia batulevicins/ Salvador/BA

Debora G. disse...

Atenda as suas expectativas Mas não se cobre demais. Fodam-se as expectativas dos outros. Força, garota! You can do it

roberta carvalho disse...

Obrigada, amigos.

Sorriso disse...

continuo gostando muito de seus textos. volta e meia passo aqui pra conferir. os tristes são meus preferidos, porque me identifico bastante.
esse ficou muito bom, fala bem da nossa contradição cotidiana das expectativas x realizações/disposição.

espero que você consiga se livrar dos remédios, mas não espero que você melhore porque, honestamente, um pouco de tristeza como a sua - lúcida e coerente - não faz mal a ninguém. penso que ajuda a equilibrar a tensão das expectativas irreais, recolocando nossos pés no chão e nos fazendo ver que a vida não é tão fácil e que não é bem assim corresponder às exigências.

poderia falar mais sobre isso, mas não acho que minha opinião seja tão indispensável e, de qualquer maneira, o recado principal já foi dado, que é: parabéns pelo seu talento e esforço em tentar explicar claramente seus pensamentos.