domingo, 13 de agosto de 2006

Da arte da vingança
Minha irmã, apesar de não falar palavrão e ser cristã, é vingativa. Ela sempre repete uma frase aprendida com nossa tia Isis: "Não precisa mandar matar que é maldade, mas uma boa surra pode ser muito educativa".

Eu não me vingo de ninguém, deixo a vida cuidar dos meus desafetos. Tenho mais o que fazer: viver a minha vida. Minha irmã não se conforma em deixar barato certas coisas.

Pois bem, contei pra ela minha desventura amorosa. Depois de me culpar disso e daquilo (previsível), para minha supresa decretou: "você não pode deixar assim, tem que fazer alguma coisa. Contrata uns PMs pra dar uma surra nele!"

Dei uma gargalhada com o absurdo da idéia, eu negociando como os poliça uma surra em alguém que algum dia desejei bem. Não, não é pra mim.

– Ah, você é muito boazinha. Tem que educar, por isso que eles seguem por aí fazendo merda. Eu não me conformo, tem que fazer alguma coisa! Não pode deixar barato.

Eu ouvindo entre a incredulidade e o riso nervoso. Essa é a minha irmãzinha cristã? Tá certo que ela é trostskista de jesus, mas não sabia que era impiedosa. Nisso ela abriu um sorriso e os olhinhos brilharam. Ai que medo!

– Já sei! você vai na loja de mágica e compra daquelas balas que soltam tinta. Eu te dou o endereço das lojas. Tem com tinta azul, vermelha e preta. Compra da preta que é a pior. Fica preto entre os dentes que tem que escovar muito e passar muito fio pra sair! Aí você pede pra encontrar com ele, diz que pra mostrar que não há ressentimentos trouxe uma bala, ele vai ter que comer! Já tô até vendo você indo embora e ele dando tchau, rindo com os dentes todos pretos!

Confsso que também imaginei a cena e me diverti, mas não faria isso. Minha irmã já sem paciência: "Ah, então pelo menos liga e manda ele à merda. Liguei pra te mandar à merda".

Como sempre digo, o mundo é estranho.

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