Hoje é um péssimo dia
Morreu um dos motorista da repartição onde eu trabalho. Era o meu favorito, o mais divertido e com quem eu tinha mais assunto. Gorducho bonachão, botafoguense gente boa - como todos que conheço -, torcia pela Beija-Flor e adorava uma Skol. Nós sempre conversávamos sobre política, futebol, samba e o preço da cerveja. Ele morava em Mesquita, na Baixada Fluminense, e sempre brincava comigo que se tivesse nascido aqui seria crente porque achava a cerveja muito cara no Rio. Eu sempre retrucava que era só ir beber em birosca de favela.
Outros repórteres não gostavam dele, achavam que era grosso. Realmente eu o vi ser grosseiro com outros colegas, mas nunca tive reclamação, sempre foi gente boa, divertido e solícito comigo. Nunca me negou nenhum favor nem deixou furo. Sei lá, vai ver que como também sou grossa e gosto de cerveja e samba a gente se dava bem.
A gente tinha ido pra uma daquelas agendas furadas na Baixada numa semana e na outra ele foi internado. Tava no trabalho e se sentiu mal, foi ao hospital e não saiu mais. Tinha a minha idade, mas ao contrário de mim, dois filhos pequenos. Sempre que acontece algo assim fico bolada. Lembro que tenho que viver todos os dias como se fossem o último da minha vida, afinal pode ser mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário