terça-feira, 30 de setembro de 2008

Alegria, alegria

Para compensar minha forma de pizza mal sucedida, tive uma grande alegria ao chegar em casa. Eu tinha avisado ao porteiro que receberia encomendas essa semana. Mal me viu, com a sacola na mão, ele parou de varrer a calçada todo sorridente: "Chegou!". Assinei o livro e me apossei de duas caixa do Submarino.

Corri pra casa, toda atrapalhada com a bolsa do trabalho, o casaco, a sacola com as tranqueiras e as duas caixas. O leitor Fábio me enviou um moedor de pimenta elétrico vermelho e um pote de doce de leite, pra apimentar e adoçar depois. Não foi fofo, afetivo e carinhoso? Adorei!

Obrigada, Fábio.
O estranho mundo doméstico

Comprei uma forma de pizza. Claro que não vou fazer pizza, mas precisava de um recipiente adequado para aquecer as pizzas congeladas que compro (aprecio sobremaneira a linha aprecciata da Perdigão). Escolhi uma com teflon, para facilitar minha vida de mulher solteira e não adepta de serviços domésticos. Aproveitei e adquiri também um combo de potinhos para congelar víveres em porções individuais.

Cheguei em casa toda serelepe com minhas aquisições. Fui lavar tudo, já pensando em estreiar a forma no jantar de hoje. Humpf. Fui ler as instruções de uso, em negrito, estava escrito "Não utilizar em forno convencional ou forno microondas". Como assim, porra? Eu uso essa merda de forma pra que então? Ai, caralhoputaquepariu. Pior que já abri a embalagem, será que vão trocar? Será que se eu meter essa porra no forno vai derreter?
Acabei de receber por e-mail e não podia deixar de divulgar:

Neste sábado (4/10) acontece a 4ª FEIRINHA DOS LATIDOS em Vargem Pequena. Esta será uma edição especial: é Dia de São Francisco de Assis e, às 11h, haverá a tradicional BENÇÃO DOS ANIMAIS, dada pelo Padre Sérgio, da paróquia local.

Como sempre, estarão para adoção apenas animais 100% saudáveis, com carteira de vacinação em dia, adultos castrados, todos vermifugados.
Acreditamos firmemente que um animal precisa de um lar amoroso e seguro para ser feliz e realizaremos a nossa feirinha na certeza de que, como nas vezes anteriores, vários animais encontrarão seus donos e terão a segunda chance que todos precisam e merecem. Como sempre, contamos com o apoio da Márcia - Patota de Patas - que nos cede o espaço com muito carinho e amor pelos animais.

Haverá também distribuição de brindes para os adotantes e a venda de duas rifas: 1 liqüidificador Black&Decker 3 velocidades e filtro para sucos (R$10,00) e 1 secador de cabelos profissional Taiff Smart (R$5).

COMO CHEGAR: a feirinha fica na Estrada dos Bandeirantes, nº 18.080. Perto do Vargem Shopping, em frente ao pardal. Vindo pela Av. das Américas, é só entrar na Benvindo de Novaes (1ª rua depois do Bingo Recreio), ir até o fim, virar à esquerda e acompanhar a numeração.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Incômodo

Começou hoje a tortura. A ortodontista colocou borrachas entre meus dentes para eles irem "acostumando" e não reclamarem muito quando daqui a 15 dias receberem anéis de metal. Em seguida ela vai fixar os braquetes e solicitar as extrações.

domingo, 28 de setembro de 2008

Confissão de hoje:

A saudade é uma merda.
Biruta

Tô lelé de novo. Voltei a ir ao supermercado todos os dias. Hoje saí da casa de O Orientador e, antes de vir pra casa, passei no supermercado. Comprei vários pães e dois potes enormes de geléia, além de um frasco de sabão líqüido, que ninguém é de ferro. Detalhe: não gosto de geléia.
Relatório de fim de semana

Sexta, pós-repartição, fui beber com meu amigo Vicente Magno no tradicional buraco Arco-Íris da Lapa. Ele gosta de beber lá e me convocou: aí, vamos se vingar, vamos acabar com a cerveja dessa porra. Quase conseguimos. Fui dormir bêbada, por volta de 3h, depois te darmos pinta pela Joaquim Silva, coisa que não fazia há muito, mas nem lembro bem.

Vic perguntou por Mendonça. "Ele me salvou". Pois é, esse blog nunca mais foi o mesmo depois do advento de Mendonça.

Como disse O Orientador, Vicente tá tão bem, tão bonito, tão fashion. Tava com um agasalho do All Blacks. Lindo.


Sábado, menina Krakovics tava no Rio. Ela veio conhecer meu studio e a gente se vingou acabando com a cerveja da minha geladeira na companhia de Kelly Cachorra. Quando deu 1h15 tivemos que tomar uma decisão e, a despeito do dilúvio, fomos dar pinta no Clandestino, porque de Lapa nosso cu já ardeu. Ótima noite, adorei. Chegamos lá por volta de 1h45 e ficamos até umas 4h. Logo na entrada encontrei MaryClaude. Demos pinta, tomamos mais umas cervejas e dançamos. Praticamente ficamos apenas durante o set do DJ da Lua, depois cansamos nossa beleza e fomos embora.


Domingo, O Orientador me ligou para avisar que a refeição seria servida mais cedo. Era pra eu estar lá às 13h. Cheguei pouco antes das 14h, atraso ok. A comida, a sobremesa e o vinho estavam ótimos como sempre. As recém-inauguradas novas instalações com móveis importados de Tiradentes-MG ficaram lindíssimas. Fofocamos um pouco e no fim da tarde vim embora.

Excelente fim-de-semana.
Ótema

Ontem acordei às 17h. Hoje, embora tivesse colocado o despertador para as 13h, fui acordada por O Orientador às 11h30. Tudo bem, foi um bom dia.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mau humor

Tô entre o mau humor lancinante, uma dor de cabeça irritante e uma vontade de chorar do capeta.
Tenho uma reunião agora, a quinta desta semana, o que não ajuda em nada. Odeio reuniões, acho desperdício do meu precioso tempo, mas barnabés adoram reuniões.
A solução para os meus problemas

Descobri o que preciso: uma semana acordando ao meio-dia.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Gatinhos

Tô com cinco hóspedes felinos aguardando um novo lar: quatro filhotes e uma mãezinha gravidíssima de mais três. E aí, você não quer um gatinho pra te fazer mais feliz?
Confissão de hoje:

I love Google Chrome. Não quero outra vida, muito menos outro navegador.
Diálogos sábios

Ontem fui tomar um drink com umas amigas. Para minha sorte, uma delas trabalha na favela seguinte a da minha repartição e me deu carona. Como ela já tá por aquelas bandas há mais tempo, perguntei sobre o verão, pois dizem ser brabo.

- Cara, é foda, mas aqui tudo é foda.
- Pois é, me avisaram que jamais esquecerei meu primeiro verão lá, que é um calor do capeta. Acho que vou comprar uns vestidos pra trabalhar.
- Vestido é uma boa!
- Pois é, tô precisando comprar uns vestidos, tenho poucos, preciso de mais.
- Darling, a gente sempre tá precisando de mais vestidos!

Gente, como não tinha pensado nisso? A gente sempre tá precisando de mais vestidos!
Podres de famosas

Soube que o HTP foi citado pelo Leão Lobo em seu programa ontem. Ele teria comentado que leu o blog, gostou e que homem é tudo palhaço mesmo.

Alguém aí por acaso gravou?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Confissão:

adoro a sorte do dia do Orkut. Rá!
Diálogos na festa da repartição

- Você vai dançar?
- Não! vou pegar cerveja - na verdade era chope, mas tudo bem.
- Sorvete? Tem sorvete?! Onde?

E eu lá sou mulher de trocar tulipa vazia por taça de sorvete? Eu, hein.
Diálogos no shopping

- Odeio essas sandálias gladiadora.
- Gladiadora? Que isso?
- Ah, umas porras dumas sandálias escrotas que tão na moda. Tem tipo umas tiras que vão subindo presas nas pernas. Feio pra caralho.
- Tipo sandália de chacrete?
- Não, de chacrete é amarrada, a gladiadora é presa, tipo umas fivelas.
- Ah, manjei! A sandália dos Mussarelas!
Gargalhadas....
- Sim, é essa mesma!
É primavera!

Vou tratar de comprar um belíssimo vestido florido, cortar e pintar os cabelos e sair por aí sorridente, afinal, a vida é bela.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Algumas coisas ainda me surpreendem

Como tem gente chata no mundo, hein? Eu sei disso, mas sempre acabo ficando chocada.

sábado, 20 de setembro de 2008

Mas que coisa hein? Quem te viu, quem te vê Roberta Carvalho?

Um belíssimo dia de sol e eu aqui no computador. Da licença que vou colocar o biquini e vejo vocês na praia.
O mundo é estranho

Ontem fui à festa de encerramento de um congresso que participei essa semana. De certa forma era uma festa da repartição, pois os cálega de sirviço tava tudo lá. Eu acho festas de repartição um saco, mas ao mesmo tempo sempre me divirto observando a indumentária e a performance daquelas pessoas que, imagino, não saem muito de casa, principalmente para dançar. Gosto de vê-las em seus modelitos datados e algo justos, após alguns chopes, dançando "até o chão", dando gritinhos. É sempre curioso, mas já não me surpreende. Como sempre digo, bom senso é luxo para poucos.

Na ocasião meu chefe me contou o que aconteceu anteontem, quando tive um piripaque na hora do almoço e vim para casa. Eu não lembrava direito, mas foi pior do que eu pensava que lembrava. Fiquei fora do ar mais tempo e de maneira mais esquisita. Enfim, o mundo é estranho.
Há internet!

O moço do Velox acaba de ir embora e a bagaça que tava fora do ar há uma semana está funcionando. Regojizem-se, leitores!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Força na peruca doméstica

Um dia a Ana Paula comentou estar surpresa de como minha casa estava "pronta" em tão pouco tempo. Nada, filha! Falta coisa pra caralho, inclusive vou preparar uma listinha do que falta, afinal vem aí o aniversário de 7 anos do OMEE em novembro, o Natal, o aniversário de 7 anos do HTP em janeiro, meu aniversário em fevereiro e o aniversário da minha nova moradia em março... não vai faltar oportunidade pra vocês me darem presentes.

Apesar da falta de energia da minha convalescença - ou exatamente por ficar tanto tempo em casa - resolvi fazer um esforço e arrumar o que faltava. Como acabo de confessar, a TV ainda não estava ligada. Durante minha recuperação providenciei ainda um novo e maior espelho para o banheiro e a instalação das prateleiras para acomodar meus livros, além de contratar a josta do pacote telefone fixo+Velox (que não funciona, mas e daí?). Infelizmente não pude entrar para o mundo do Nets, fui barrada na festa. Também entrei na lista de espera para uma vaga na agenda da mulher do porteiro da manhã, que faz serviços de faxina no prédio.

Todo dia pergunto a ele "E aí, a patroa tem programa pra amanhã?". Mas há um impasse: essa que faz faxina está de férias no Nordeste e a esposa do porteiro da tarde, que fazia, agora está com uma barraca de churrasquinho e não tem tempo. Obviamente isso impactou a agenda da outra. Fui tentar negociar, oferecer um por fora (quase implorar), mas ela disse que ser churrasqueira é melhor e mais rentável. Eles são muito empreendedores, os filhos adolescentes têm uma banquinha de balas e chicletes durante o dia e quando escurece a mãe arma uma tendinha pra vender churrasco e cerveja com direito a um rádio tocando forró. Tá bombando. A porteirada das imediações corre toda pro happyhour.

Mas voltando ao assunto da minha casa, a merda mesmo é que continuo sem cortina, com folhas de papel pardo coladas nos vidros (outro dia uma amiga disse "adorei sua cortina craft!), o que muito me aborrece. Aliás, essa é a minha prioridade. Não me sinto "aconchegada" sem a cortina. Já comprei a armação para pendurar, agora preciso comprar o tecido e mandar confeccionar. Depois, vou proviciar um ventilador de teto e um aspirador de pó.

Depois disso, estarei obviamente falida, portanto meus queridos leitores podem se encarregar de providenciar uma forma de pizza (quero aquela preta com furinhos), um moedor de pimenta, um funil (alguém tinha me prometido isso!) e outras coisinhas que vou pensar. O problema é que como minha irmã está desempregada tive que aumentar substancialmente a ajuda mensal que dou pra ela e minha mãe, daí quebrei, estou mais pobre que o usual.
A vida é bela, sempre

Apesar dessas confissões bizarras, não se enganem: eu sei que a vida é bela. Sou feliz quase o tempo todo, relativamente bem resolvida e sempre otimista.

Se essas experiências que tive na adolescência me fizeram meio durona, outros problemas pelos quais passei durante os "meus vinte anos" me fizeram redescobrir a doçura. Ah, sim, o episódio da morte do meu pai não foi a pior coisa que já me aconteceu, mas essa outra história ainda não estou preparada para contar (e assim também ninguém vai comprar meu livro de memórias, né?).

Tirando a solidão dos meses posteriores à morte do meu pai, nunca houve uma única vez na vida que eu precisasse de ajuda e ela não aparecesse sem nem mesmo eu pedir. Se eu me der ao trabalho de pedir então... logo o mundo vem em meu socorro. Sempre estive cercada de alguns dos melhores amigos que alguém pode ter e eles são a minha família. Estou preparada para fazer o que tiver que ser feito, estou preparada para estar sozinha, mas sei que não estou. Aliás, sei que nunca mais vou estar porque eu tenho amigos.

Gente é a melhor coisa do mundo, só perde mesmo pros gatos, mas aí também é covardia, né? Não dá pra competir. :P
A vida é dura, mas é bela

Uma amiga minha há constrangedores 27 anos outro dia disse que quem lê meu blog ou me conhece superficialmente acha que sou muito durona e bem resolvida, muito prática e objetiva, mas que ela não vê assim, pois não é “sem conflito”. Ai-ai-ai. Quem disse que era “sem conflito”? E existe “sem conflito”? Eu nunca neguei meus conflitos, minhas lágrimas, dúvidas, dores. Ao contrário, não tenho pudor em expô-las.

Mais ainda, não me sinto exposta com esses posts. Sei que tudo que vivi me fez ser quem eu sou e tenho muito orgulho de mim mesma. Me acho maravilhosa, inteligente, determinada.

Outro dia minha dentista disse “Você é muito machona, mas hoje vou te dar anestesia”. Eu não sou machona não, sou um pouco durona, mas na verdade o negócio é essa minha mania de fazer o que tem que ser feito, inclusive suportar a dor sem reclamar. Eu amo minha dentista, ela mudou minha vida.

Mas quer saber? Tô cansada, de verdade.
É difícil ter senso crítico agudo

Um amigo meu sempre me garante que minha vida vai ser maravilhosa depois que minha mãe morrer. Ele conta como a dele melhorou e como seria péssima se a mãe estivesse viva. Eu fui ao funeral da mãe dele, ele ficou péssimo, chorou muito, sofreu, fez tudo como ela pediu. Ele explicou que na época ficou arrasado, mas com o passar do tempo viu como era bom não ter mais uma mãe maluca para gerenciar, que podia gastar seu tempo e dinheiro com ele mesmo, sem ser submetidos às chantagens maternas, almoços dominicais ou natalinos. É duro, é muito duro ter essa consciência. Tenho muito orgulho do meu amigo por ter coragem de assumir isso, de verbalizar que a mãe era um estorvo sem o qual ele está muito melhor e feliz. É para poucos.
Reflexões duras

Fico pensando se estou maluca e choro porque tenho medo de perder minha mãe ou se estou cansada dela. Ao longo dos anos acostumei a chamar a responsabilidade de tudo pra mim, a cuidar da minha mãe e irmã e estar sozinha. Às vezes, quando estou muito maluca, eu choro com a minha ginecologista (que conheço desde que tinha 16 anos) que estou cansada, mas ela responde que não estou cansada não, que eu agüento mais. Porque quando eu cansar mesmo, quando não agüentar mais vou dar um basta, mandar minha mãe e irmã se virarem, mas que se demorar muito vou deixar minha mãe conseguir enterrar o segundo marido (eu).
Mamãe

Minha mãe sempre foi birutinha, mas depois que ficou viúva pirou mesmo. Meu pai morreu no dia 23 de dezembro de 1984. Eu ia fazer 14 anos em fevereiro e minha irmã tinha completado 10 em outubro. Ta, deve ter sido muito difícil ficar viúva aos 36 anos com duas filhas, mas garanto que também não foi bolinho pra gente. Meu pai ficou internado um ano antes de morrer e minha mãe já tinha largado a gente nessa época: ela ficava o tempo todo com ele. Ia do trabalho pro hospital e vice-versa. Vinha em casa deixar a roupa suja, pegar roupa limpa, pagar a empregada e deixar dinheiro pra eu cuidar da casa. Eu fazia compras, levava e pegava minha irmã na escola e fazia o jantar. Dizia pra minha irmã que meu pai ia voltar pra casa. Nos fins de semana a gente ia visitar ele e a cada semana eu acreditava menos que ele ia voltar, mas continuava repetindo. Essa rotina me custou o ano na escola, fui reprovada pela primeira e única vez. Minha irmã passou de ano, pela última vez.

No dia que ele morreu eu tava em casa com minha irmã, se não me engano, era domingo. Eu tinha tomado banho e me arrumado, queria ir na casa da minha melhor amiga que ia viajar no dia seguinte pra passar as férias na casa da avó. De repente tocou a campainha. Assim que abri vi meu tio com uma cara péssima e entendi. “Seu pai morreu, você tem que ser forte e não pode chorar, sua mãe está muito mal”. Olhei e meu outro tio tava carregando minha mãe dopada e desmaiada no colo. Entraram e colocaram ela na cama. Meu tio mandou eu avisar todos do enterro no dia seguinte, às 11h. Peguei a agenda telefônica e liguei para todos os amigos da família avisando. Depois ele mandou eu pegar roupa pra gente para alguns dias e arrumar uma mala, pois iríamos para a casa dele. Assim fiz, apenas perguntei com que roupa se ia a enterros, mas meu outro tio disse que era melhor eu e minha irmã não irmos. Eles discutiram um pouco, mas acabaram concordando. Fomos pra casa do meu tio. Todos me olhavam com um jeito muito estranho. Liguei para a minha melhor amiga e ela pediu ao pai pra não viajar, pra ficar comigo, mas ele não deixou. Eles iam para Santa Catarina no dia seguinte de manhã e ela só voltaria na semana do início das aulas. Eu me tornei adulta nesse dia, mas já vinha treinando desde que meu pai ficou doente.

No dia seguinte me mandaram cuidar das crianças e descascar batatas pra adiantar a ceia de Natal enquanto eles iam para o cemitério. Quando voltaram, minha mãe chegou dopada, carregada e desmaiada. Ela quase nunca tava acordada nos meses seguinte e quando tava, gritava, me xingava e me batia. Ajudei minha tia um pouco, mas depois fui deitar. Na hora da ceia fui constrangida a levantar e participar, pois o nascimento do deus-que-não-existe era mais importante que a morte do meu pai e ele ia ficar muito puto e me fuder feio se eu não fosse comer o caralho do peru. Não lembro muito bem daquela noite. As pessoas me tratavam de maneira muito estranha, acho que o fato de eu ter perdido o pai causava constrangimento a elas, devia ser desagradável lidar com um menina de 14 anos com pai morto e mãe maluca. Foi nessa época que peguei a mania de pedir desculpas o tempo todo, mas também foi aí que descobri sempre sou capaz de fazer o que precisa ser feito. Também aprendi que preciso estar sempre pronta para estar sozinha.

Anos depois minha melhor amiga me contou que quando voltou em março percebeu que eu era outra pessoa, que não era a amiga que ela conhecia desde a segunda série primária e que ela tinha deixado no Rio em dezembro. Ela teve que se acostumar e aprender a lidar comigo de novo, mas como me amava nunca fez perguntas. Raramente falávamos sobre aqueles três meses. Hoje ela mora nos Estados Unidos, mas continua sendo minha irmã de coração.

Na mesma época que eu voltei meus tios falaram pra minha mãe que estavam preocupados comigo, pois eu tinha me tornado distante e estranha e que eu não tinha me importado com a morte do meu pai porque nunca chorei. Que eu só falava de coisas práticas, de resolver problemas, que nem parecia que tinha perdido o pai outro dia, aliás, nem parecia que eu tinha tido pai. Nunca vou esquecer do dia que minha mãe chegou do escritório do meu tio e disse “O Gil disse que você é maçante”. Nunca entendi bem isso.
Mas falando sério, fiquei pensando no que se passa comigo. Acho que é por causa da minha mãe. Ela tá péssima, cada dia mais lelé e frágil. Acho que ela vai morrer em futuro próximo. Daí fiquei pensando que apesar dela ter ido pra luz depois que meu pai morreu, pelo menos eu tinha colo de mãe pra chorar. Ela não cuidava de mim, mas pelo menos me consolava e dizia que eu era linda e maravilhosa e tudo ia ficar bem. Pelo menos eu tinha uma referência de família, agora nem isso. Acho que to assim por medo de perder minha mãe, sei lá.
Estou maluca

Sabe, além de adoentada, eu ando maluca. Não sei se por causa da fraqueza física, afinal sempre tenho vontade de chorar quando estou muito cansada, se pelo tédio dos dias de clausura e solidão, se é uma conjunção astral desfavorável ou a chegada da primavera, mas o negócio é que bati pino. Tenho chorado todas as noites. Choro muito, de soluçar. Nesses momentos me sinto só, triste, desprotegida. Uma sensação estranha de desamparo doída, mas o estranho é que apesar dessa solidão não tenho a menor vontade de ver ninguém. Acho um saco quando meu telefone toca e recuso ou adio quase todos os convites para sair.

Também me emociono com filmes infantis da Sessão da Tarde e comerciais de shampoo, o que comprova que estou maluca. Mas tudo bem, é coisa que dá e passa.

Ontem à tarde liguei para minha irmã aos prantos, pra agradecer por ela ser minha irmã, pois ia ser mais solitário ainda ser filha única: já basta meu pai ter morrido quando eu tinha 13 anos e minha mãe ser lelé. Ela ficou apavorada com meu estado e queria vir me ver, mas prefiro meu silencinho e pedi pra não vir. Ela recordou que ano passado nessa mesma época eu também estava maluca, ela lembra por causa do aniversário dela, daqui a alguns dias. Ela disse “minha irmã, você ta sempre chorando no meu aniversário!”. É, deve ser a chegada da primavera, mas pelo menos sabemos que depois vem o verão.

Agora, sabem o que é mais estranho ainda? Apesar de chorar todos as noites, estou muito feliz. Ando contente e esperançosa da vida, animada. Fico bem quase o tempo todo, mas é só ver uma propaganda de shampoo bonita que começam a rolar as lágrimas.
Urucubaca das boas
Olha, meio mundo já tentou dar jeito nos comentários ou implementar outro sistema. A Urucubaca é forte, ninguém logrou êxito.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Locomotiva parada

Sabe como é, uma ex-quase-locomotiva como eu não consegue ficar parada. Confesso que fico quase louca, neuvosa e entediada. Sou da rua, não do claustro. A verdade é que não quero caralha de TV nenhuma e foda-se a cortina, quero é ir pra pista.
Eu e a TV

Pois é, eu não via TV, do verbo "agora vejo". Tudo começou com o tédio da doença, mas até que tô me divertindo. Para vocês terem uma idéia de como não sinto falta de TV, me mudei em março, mas só liguei a televisão semana passada. Sim, havia todo esse tempo uma TV maravilhosa, uma Sony telaplana de 29 polegadas, presente de O Orientador, pegando poeira em cima de um móvel Bartira. Como aqui no prédio é preciso estar conectado à antena externa, eu tinha preguiça. Claro, ir alugar DVD é coisa que não existe, a não ser que seja necessário para um trabalho ou pesquisa. Assim, eu era uma excluída televisiva por todos esses meses.
O estranho mundo da TV aberta

Luciana Gimenez tá perguntando a atores pornôs se eles se consideram atores e se têm talento pra atores. Não, Pedro Bó, eles vão dizer em rede nacional que “só” sabem fingir que trepam. Mas o melhor mesmo é o título: Fim de carreira? Famosos que se renderam ao cinema erótico. Sensacional. Uma das moças disse que “tem talento igual a uma atriz normal”. Puxa, a primeira vista não diria que ela era anormal.

Essa semana também vi a L.G. perguntar a Roberta Close se ela vai a ginecologista e ouvir "claro, também vou ao dermatologista e outros médicos como todo mundo". No dia seguinte presenciei a filha da Gretchen afirmar que gosta mesmo é de "mulher Amélia" para em seguida a L.G. disparar "Você gosta mesmo de mulher assim?". Não, Pedro Bó....

Meu sonho é ser entrevistada pela Luciana Gimenez e ouvir "Mas você acha mesmo que homem é tudo palhaço?".

Também tem um programa impagável chamado “A verdade na TV” onde um pastor de jaleco branco convida todos para a sexta-feira milagrosa em Alcântara. Ele não tem medo de desafiar o satanás. Uau, poderoso. Tá preparado pra desmanchar trabalho de feitiçaria e macumbaria. Que coisa, que informação útil.

Confesso que não tive estômago pra reprise de Pantanal ou a tal novela dos Mutantes, mas de vez em quando dou uma bisoiada nos cláááássicos Fala que eu te escuto e Mil e uma noites e que acabei de descobrir a tal da Betty, a feia. Sim, eu já tinha ouvido falar, mas nunca tinha visto. Eu não via televisão.

O melhor da TV aberta são os comerciais mesmo, mas já cansei da Lavínia Vlasak buchuda atomentendo os cidadãos com sua exortação ao cumprimento do dever cívico no dia 5 de outubro e das propagandas das queimas de estoque das Lojas Bahia e Ricardo. Não tenho dinheiro pra comprar nem picolé, quanto mais uma centrífuga de mostruário ou novos móveis Bartira. Meu único alento é a profusão de telejornais: vejo as mesmas notícias quatro, cinco vezes. Ainda devem rolar mais uns três ou quatro até eu pegar no sono.

Vi muita TV nesses dias de convalescença e concluí: o melhor canal é mesmo o da portaria do prédio. Fico séculos no meu BBB condominial observando o porteiro e o entra-e-sai do elevador. Uma lástima que não tenha câmera neles. O Orientador me contou que quando morou num prédio com câmera nos elevadores preparava performances relâmpago sensacionais para serem executadas entre o térreo e o quarto andar.

Sim, é verdade, não há TV a cabo na localidade onde moro. Ligo quase todos os dias para a NET, mas a gravação pede meu CEP e avisa que o serviço não está disponível na minha região. Nem dá pra xingar a atendente. Vocês acreditam que em pleno Centro da cidade não há TV a cabo? Espero que com a inauguração do Cores da Lapa e a chegada dos novos ricos na vizinhança a situação seja revertida e eu tenha mais canais pra zapear e não encontrar nada pra assistir.
Perebenta

Como comentei, semana passada tive uma virose brabíssima, sinistrona. O pior (digo a diarréia) já passou, mas ainda não me recuperei totalmente. Tô meio fraca, meio lesa, sei lá. Me sinto cansada e indisposta quase sempre, não consigo dormir o suficiente. Depois de vegetar em casa até quinta-feira, passando mal desde o fim-de-semana, voltei ao trabalho na sexta. Humpf. Me arrependi. Cheguei em casa me sentindo como se tivesse sido atropelada e tive febre de novo.

Essa semana achei que tava recuperada. Dei expediente na repartição segunda e terça e participaria de um congresso de quarta a sexta. Ontem foi ótimo, assisti várias palestras, filme, mó fervo. À noite me sentia cansaaaaaaaada, mas tudo bem. Hoje acordei e rumei de novo pro Centro de Convenções da Prefeitura. Humpf de novo: passei mal. Chovia pra caralho e tava frio quando saí de casa, daí fui agasalhadinha. Resolvi umas coisas e liguei pra encontrar os cálegas pro almoço. Cheguei antes deles e o restaurante tava abafado, me senti mal. Tonteira, enjôo e ânsia de vômito. Eu devia estar com cara de defunto, porque meu chefe e minha editora queriam me levar pro hospital ou pelo menos me trazer em casa. Avisei que era só dar uma vomitadinha que melhorava, mas não consegui. Resolvi vir pra casa e me joguei num táxi.

Nem vim pra casa, baixei na Pensão da Kelly, que cuidou de mim e me alimentou. Confesso que tava abobada, não lembrava bem o que tinha acontecido, o diálogo com o pessoal do trabalho. Pra ser sincera, não lembrava bem como tinha vindo pra casa e nem do rosto do meu chefe, eu que sou super observadora e lembro a roupa que cada um deles estava no meu primeiro dia de trabalho. Ao longo da tarde comecei a lembrar e mandei um SMS pra tranquilizar minha editora. O mal estar passou e restou apenas um puta dor de cabeça e um certo tédio.

É, digamos que considerando que trabalho lá há dois meses e 10 dias, paguei mico e dei um grande susto nos cálegas.

Tudo bem, dias melhores virão.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Gastroenterite virótica

Há três dias ou estou vomitando ou estou no trono. A febre se alterna com a dor de cabeça e outras espécies de mal-estar. Hoje dei uma mudadinha nessa rotina e passei a tarde no hospital tomando soro, sabe como é, né? Tudo igual cansa.