quarta-feira, 4 de junho de 2014

Como é bom ser tratada, medicada, né?

Se eu não frequentasse o consultório de uma psicóloga semanalmente e de um psiquiatra uma vez ao mês, talvez achasse que queria me matar. Confundisse a vontade de desaparecer, de acabar com a minha vida do jeito que está agora com vontade de suicídio. E ainda tem gente que acha desperdício de dinheiro terapia.

Confissão inconfessável

Queria sumir, me trancar em casa, desligar os telefones, fechar as cortinas e não sair mais até nem sei quando. Talvez ver televisão e coçar gatas, talvez fazer faxina ou, melhor ainda, dormir. Dormir um sono sem sonhos nem pesadelos, desligar o cérebro até. Até quando? Num sei, até quando eu possa suportar ele ligado.

Queria fugir, me mudar pra um lugar onde ninguém me conheça. Levar uma vida idiota e totalmente anônima. Sem laços ou vínculos quaisquer. Não ter que falar com ninguém. Não ter que sorrir e fingir que tudo bem pra ninguém. Quer dizer, sei que não tenho que nada nunca, só que é mais chato ainda quando digo que não tô bem ou que tenho depressão e meu interlocutor dispara "mas por quê?". Que vontade de dar uma porrada. Então é bem mais fácil sorrir e dizer que tudo bem, vai-se indo.

Queria, pelo menos, conseguir dormir agora. Já tomei dois comprimidos de Stilnox e nada.

Insônia, teu nome é Roberta

Dormi cerca de quatro horas na última noite. Provavelmente a mesma média da noite anterior. Estou exausta, mas não consigo dormir. Já tomei dois Stilnox. Acho que vou mandar um Miosanzinho da saúde.

O homem da camisa listrada e do relógio de ouro

Normalmente nos vemos a cada primeira segunda-feira do mês. A secretária me liga na sexta avisando que ele separou o horário de 18h para mim e me envia um torpedo na manhã da consulta, para me lembrar. Fofo. Pois bem, ainda ele ainda não me chamou este mês. Estou quase me sentindo rejeitada. Amiga maluca que teve lá esses dias disse que ele tá todo bronzeadinho, pois pegou praia em um congresso de psiquiatras onde esteve, e com a agenda descaralhada pelos dias ao sol. Ele atende às quintas também. Se eu não receber a ligação amanhã ficarei tensa.

Que merda seria a vida sem vícios

Não sinto mais falta de coca zero, mas salivo quando vejo um maço de Marlboro. Quando sinto o cheirinho então... toda minha alma pede uma tragadinha...

Coca Zero, amor eterno

Ainda não tenho opinião formada, mas tenho uma talvez boa notícia: larguei do vicio de coca zero tem negócio de um mês. Não tenho comprado em casa nem lembro bem a última vez que meus belos lábios sorveram o líquido negro. Num sei se parei de vez, mas sei que precisava dar uma diminuída. Tava bebendo quase uma garrafa de 2l por noite, fora a latinha do almoço.

Confesso que não tenho certeza se é bom ou ruim. Não desinchei nem passou a dor de estômago ou a azia, mas também não estou mais feliz. Apenas não sinto mais falta, embora saiba que tenho uma fonte de prazer a menos na vida.

Agora que todos já sabemos que posso viver sem coca zero, já posso voltar a beber?

terça-feira, 3 de junho de 2014

Obrigada, meus amigos

Hoje foi um dia estranho e difícil. Fiquei feliz, fiquei triste, me achei linda, me achei imprestável. Chorei no ônibus, chorei na rua e na espera da terapia. Senti dor, tossi, trinquei os dentes e me angustiei. Agora, ao me deitar, na hora de anotar minhas três alegrias do dia no meu Caderninho da Gratidão, achei que não ia conseguir, que não tinha nada pra registrar. Daí lembrei dos três amigos com quem conversei hoje e que me fizeram sorrir, que cuidaram de mim. Obrigada Flavia Lima, Ana Paula Diek e, claro, Vicente Magno. Vocês foram minhas alegrias de hoje, registrei como é bom ter a amizade de vocês.

Rituais e rotinas

Sou uma mulher conservadora, portanto sigo meu ritual. Dependendo da hora, tomo ou não o café antes da terapia, mas não importa o quão atrasada esteja, sempre paro na banca de jornal pra comprar uma Coca Zero da saúde. Afinal, chafurdar as mazelas de minh'alma requer algum suporte, no mínimo, o de uma lata de coca zero gelada na minha mão.

Hoje titubeei na porta. "Num tô tomando refrigerante, e agora?". Entrei, abri a geladeira e peguei uma água mineral sem gás. Ninguém me deu atenção porque passava alguma merda de jogo de futebol na televisão, parece que um amistoso da seleção. Fui ao balcão, sorri e disse 'Oi, boa tarde. Quanto é a água?". Sem me olhar, ele respondeu 'Um real",
- Como?
- Um real.
- Um real? Achei que nem tinha ouvido direito. O refrigerante custa R$ 4!
- É, um real e vai aumentar pra R$ 1,50, mas ainda é pouco.

Não entendi a linha de pensamento dele, mas sorri e dei tchau. Observei bem a garrafa. A tampa tava lacrada, mas sei não. Nem botequim de subúrbio vende água mineral por um royal. Será que ele tá enchendo as garrafas na bica do tanque?

Café frio é sacanagem

Já que tinha bastante tempo sobrando, pensei em tomar um café numa livraria próxima. Sempre que chego com antecedência, faço isso. Havia várias mesas vazias, então fui direto ao balcão pra ver se tinha a torta integral de banana. Encostada na pilastra com cara de poucos amigos (para não dizer 'de cu'), uma atendente que ainda não conhecia me olhou de cima abaixo e perguntou "o que você quer". Não respondo assim "que você se foda" logo de cara, então sorri e disse "um expresso e uma fatia de torta integral de banana, por favor". Outra olhada com desprezo e um suspiro: "senta que você vai ser atendida na mesa". Tanta simpatia quase me emocionou.

Sorridente, brinquei com o celular, olhei os títulos da estante mais próxima e esperei enquanto ela discutia com o cara do caixa que fulana tinha sumido e ela não tava a fim de atender mesa. Após algum bate-boca, ela veio até mim. "O que que a senhora queria mesmo?". Repeti o pedido. Ela trouxe a fatia de torta e perguntou de novo "café, né?". "Sim, expresso, por favor". O café estava medonhamente frio.

Frequentava o local há alguns anos já, mas esta foi a terceira vez consecutiva que tive má impressão, portanto não vou mais.

Na primeira, o estabelecimento tava bem vazio. Sentei numa mesa perto da entrada e fiz o pedido de sempre "um expresso e uma fatia de torta integral de banana". A atendente de sempre trouxe tudo certo, mas quando estava voltando para o balcão esbarrou em uma das mesas vazias e derrubou o porta-guardanapos. "Já não tem guardanapo e eu ainda deixo cair". Rindo, juntou do chão e recolocou sobre a mesa. Achei divertido exótico pitoresco.

Daí, na visita seguinte, fiquei esperando um tempão pra ser atendida enquanto os funcionários discutiam, brigavam mesmo, sabe? Como adoro escutar a conversa do alheio, principalmente barraco, fiquei ouvindo e me divertindo. Achei também um episódio divertido exótico, mas ainda não era grave de todo.

Hoje, desisti deles. Grosseria no atendimento, guardanapo sujo e bate-boca entre os funcionários tudo bem, vá lá. Agora, café frio não, porra!

Ah, o meu Rio de Janeiro

O trânsito do Rio de Janeiro é insondável e imprevisível. Moro na Lapa e faço terapia em Laranjeiras, mais ou menos ali na altura da Hebraica, terças às 18h. Considero perto, já fiz o percurso à pé mais de uma vez e olha que não sou exatamente uma andarilha ou fã de caminhadas. Pois bem, já aconteceu de sair de casa com mais de uma hora de antecedência, me apavorar com o engarrafamento e descer do ônibus no meio do caminho, tomar um táxi e ainda assim chegar com meia hora de atraso. 

Hoje, lembro de ainda em casa olhar o relógio e pensar "10min pras 5h, vou chegar atrasada" e sair esbaforida. Humpf. Desci do 497 na Rua das Laranjeiras e olhei pro relógio: 5h15.

Pai Elso da parede pintada

Lembram que eu ia pintar meu apartamento, comprei ar tinta tudo e o pintor sumiu? Fiquei eu com três latas de tinta decorando este apartamento imenso. Ainda bem que não comprei a porta que ele vai trocar. 

Mas pois é, ele reapareceu. Precisou se recolher por 20 dias por motivos religiosos e tava com vergonha de me procurar. Após um preambulo sobre preconceito religioso, encabulado confessou temer que a gente não compreendesse (ele deu bolo em outra amiga minha também)! Disse que se a gente quisesse procurar outra pessoa pra fazer o serviço ele ia entender. O pintor é macumbêro, gentchi! Seu Elso, desencana e venha logo pintar minha casa que quero tudo novo na minha vida! Agora então que tenho certeza que as paredes vão ficar lindas e com ótima energia!

Diz que dia 14 de junho ele chega com tudo pra pintar o Studiô de branco e laranja. Vai ficar leeeendo!

Num digo que o mundo é estranho e engraçado? Alguém imagina eu despedir o pintor porque ele é do candomblé? Seu Elso tem cada ideia... 


Pouco se me dá pra qual santo ele acende vela, quero é que pinte minhas paredes, queremos é Studiô novo!

O mundo é estranho (e Buba é linda)

Fui comentar que passei mal desde às 6h da madruga e pronto. Amiga ligou dizendo que se eu morrer, Buba é dela. A safada quer que eu morra pra roubar minha gata! Ah, os meus amigos! O que seria de mim sem eles!