quinta-feira, 8 de março de 2007

Minhas leituras

Já que vocês se interessam pelo que eu leio, hoje fui pro trabalho lendo o História das Ruas do Rio de Janeiro, do Brasil Gerson. Adoro esse livro, adoro me perder e me achar pelas páginas. O estilo, digamos assim, caótico da narrativa é uma delícia.

O livro não é meu, pertence ao meu amigo com queme eu ia tomar chope hoje, então levei pra entregar. Como não tava fazendo nada mesmo, fui lendo no caminho. Acho que já li o livro todo, mas nunca na ordem das páginas. Gosto de escolher uma rua e ir flanando, como quem se perde pela cidade.

Vicente diz que Bangu é o seu país, eu não tenho vínculos topofílicos com nenhum bairro em particular, amo todos. O Rio de Janeiro é o meu país. Como todo mundo sabe, eu amo cada pedra portuguesa do calçamento, cada camada de aterro, cada esquina, cada amendoeira, oiti e palmeira, cada morro coberto por favela e/ou cortado por túnel, adoro as praias e as enseadas, as avenidas, ruas e vielas. Tenho orgulho do casario antigo, da nossa história e da identidade cosmopolita carioca que remonta ao descobrimento. Sorrio quando vejo a quase centenária estação de Marechal Hermes ou sinto o balanço que o trem faz quando tá chegando na estação de São Cristóvão. Depois do Santa Bárbara, de cima do elevado sobre a Presidente Vargas, sempre viro o pescoço para a direita pra ver a Igreja da Candelária iluminada. Já de baixo pra cima, gosto de olhar o íngreme e sinuoso viaduto Cartola, rasgado perto de onde ficava o cemitério dos cachorros - sempre tem uma luzinha de moto subindo. Ah, é, gosto até dos cemitérios. Também passo tempo imaginando os morros que foram arrasados, principalmente o do Castelo. Reconstruo mentalmente a cidade colonial, a passagem à república, a construção da representação de cartão postal.

Adoro cada detalhe que faz da canícula de São Sebastião do Rio de Janeiro o melhor lugar do mundo. Cada dia sou mais feliz por ter nascido aqui.

Ah, que fique claro, meu país é a cidade do Rio de Janeiro, o resto do estado (e do mundo) quero mais que se exploda, desde que não caiam fragmentos aqui.

Hoje tava relendo a história da Rua Pinheiro Machado. Ele, o Pinheiro Machado, morreu esfaqueado pelas costas por um padeiro nas escadas do hotel onde morava. Morte besta.

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