domingo, 15 de abril de 2007

Recordações férreas

Apesar de ser uma suburbana tardia, já peguei todo tipo de trem, velho e novo, com ar condicionado e com pinta que vai desmontar na primeira curva, vazio e cuspindo gente (já peguei até com surfistas ferroviários, isso nos tempos pré-privatização), já ouvi o tal do "sbrubles avariô" e vi a turba se jogar na linha em busca da composição que ia sair. Conheço o pregão evangélico, as rodas de carteado e as artimanhas dos ambulantes e pedintes. Já vi roda de capoeira no último vagão do Japeri e manicure fazendo unha no balançar do vagão. Não conheço todas as estações, mas pretendo - minha favorita é Marechal Hermes, mas também adoro o fervo da "estação de transferência" de São Cristóvão. Ando de trem desde criança e em geral me divirto. Não à toa, o trem é um dos temas pelos quais passo na minha dissertação de mestrado.

Quando me mudei para o subúrbio estudava de manhã. Pegava o 254 pouco depois das 6h, para estar na Uerj às 7h. O trajeto dele é quase todo parelo à linha férrea. Lembro que eu ia olhando o sol da manhã refletido no vagão prateado e gostava de ver os surfistas em cima dos vagões se abaixando pra desviar dos fios e as fagulhas que saíam. É uma das mais fortes lembranças daquela época.

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