Pérolas de Mendonça
Tarde dessas na repartição, após meu recente retorno de férias, vou ter com Medonça em seus nababescos aposentos, numa sessão do que o universo barnabéico costuma chamar de "despachos internos". Não, não se trata de arriar um ebó indoor, é tipo resolver pendências administrativas, tratar dos assuntos prosaicos do cotidiano da repartição. Tipo, "manda a porra da fulana atualizar o mailing", "dá um esporro nos comedores de ratazanas pra não virem da copa com os rabinhos do lanche caindo do canto da boca, é repugnante", "dá uma moca em sicrana pra ela parar de escrever merda", "dá uma comida de cu em beltrano porque blábláblá". Esse tipo de coisa, sabe? É que Medonça gosta de terceirizar parte do serviço sujo, cabendo a mim certas agradáveis incumbências. Na real, ele também tava me contando as fofocas acumuladas durante a minha ausência. Eis que, entre tantas palavras doces e gentis proferidas em relação aos nosso cálega tudo, reparo que há uma nuvem de moscas sobrevoando a sala.
– Caralho Medonça, tá cheio de mosca aqui!
– É que aqui que tá a merda.
– Pior, a merda tá espalhada, mas é aqui que ela fede.
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