quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Gente sem noção

Há quem diga que eu sou sem noção. Às vezes, posso sou sim, mas em geral acho que tenh senso crítico. O meu problema é que sou sincera demais. Falo o que penso, falo tudo. Na verdade, prefiro assim. Melhor falar logo, não gosto de esqueletos no armário, histórias mal contadas. Gosto de tudo às claras. Mentir, ser falsa, dissimulada dá muito trabalho. Mas apesar da minha boquirrotice, sei que uma linha tênue separa a sinceridade da falta de educação. Nem todos sabem disso.

Hoje eu tava no provador da loja indecisa entre o vestido roxo e o amarelo, enquanto a vendedora aguardava com uma almofada de alfinetes. Ela achava que o claro me caia melhor, eu me sentia mais bonita no escuro. Uma outra cliente foi convocada a opiniar.

– Olha, o amarelo igual ao seu não fica melhor nela?
– Fica!
– Acho que precisa diminuir um pouco a alça e ajustar o decote, como fiz com o seu.
– Nela ficou melhor: ela não tem peito.

Eu, que me olhava no espelho alheia à discussão, tomei um susto "Não tenho?!".


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Outro dia fui trabalhar com um vestido que me favorece, todos me elogiaram. Lá pelas tantas, a secretária freak da repartição veio conversar comigo. "Roberta, você tem que tomar vergonha na cara. Você tem um colo lindo, fica linda com esses decotes, tem um rosto bonito, pernas bonitas, cabelo lindo, é simpática, inteligente. Roberta, você precisa emagrecer, toma vergonha na cara!".

Pois é.

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