quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Dias difíceis

O ar condicionado da sala do Mendonça quebrou e tem feito um calor da porra na canícula de São Sebastião do Rio de Janeiro. A sala dele, que era um frigorífico com camundonguinhos congelados pelos cantos e gavetas, virou uma forno para assar os roedores.

Resultado? Ele coloca uma cadeira do lado da minha mesa e passa o dia me enchendo enquanto aproveita a fresca do meu ar condicionado. Resultado? Estamos brigando.

Sexta passada tivemos nossa primeira briga de verdade. A primeira crise no relacionamento Mendonça-Marilda. Foi um dia horrível, péssimo, cansativo pra caralho. Muito aborrecimento e problemas chegando por e-mail, telefone, GTalk, MSN. Inferno de Krakatoa. Eu tava estressadíssima, nos cascos.

No início da tarde, tinha dito pra gente tomar um chope depois do ixpidiente. Só que, ao longo da noite, com os problemas de Mendonça resvalando em mim, minha disposição mudou. Pra piorar, ele chamou outra cálega de repartição, que é gente boa, fofa, minha amiga há anos, mas freak total da repartição. Eles iam passar a noite inteira falando de trabalho e isso era tudo que eu não queria nem precisava. Aliás, só em pensar nessa hipóteses eu quase chorava.

Ele saiu mais cedo e me deixou sozinha fechando o pasquim que editamos. Quando ele ligou que tava na Choperia Brazooka me esperando eu disse que não ia. O bicho ficou macho nas cuecas. Resmungou pra caralho e desligou na minha cara. Eu acenei com a hipótese de passar lá depois do cinema.

Olha, não teve skol na mão e calcinha no chão, mas nem liguei: eu nem tava em condições de me concentrar numa função dessas. Fui ao cinema com Mãe Camila, fomos ver um filme pra não pensar, perfeito para o momento: Hairspray. Depois encontramos Pedro e Monica e fomos comer uma pizza e rir da vida. Tomei dois chopes bem gelados. Ai, como eu precisava disso.

Quando cheguei em casa, vi duas ligações não atendidas no celular. Era Mendonça que, atípicamente, havia deixado recado na secretaria eletrônica. Semi-alcoolizado e com a voz embargada, ele me chamava de 'traíra' e dizia que nunca tinha esperado aquilo de mim. Mendonça, vai chupar cocô pra ver disco voador, vai. Ou, se preferir, vai dar meia hora de bunda e não me enche a paciência.

Na segunda-feira ele confirmou que ficou até 5h da manhã falando de trabalho com a outra cálega. Rá, me inclua fora dessa.

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