Preciso de samba
Em setembro vou participar do Congresso Internacional de Estudos das Américas, que será realizado na Uerj. Meu grupelho tá com a mesa coordenada "Comunicação, Cultura e Cidade", onde vou apresentar o trabalho "Comunicação e topofilia na cadência do Trem do Samba". Acho que vai ser uma delícia. Tinha tempo que eu não produzia um artigo, foi meio no susto. O Orientador ligou "Vc quer participar do Congresso? Ótimo, então me manda o artigo. Qual? Aquele que vc vai pra casa agora escrever". Escrevi. Fui até tarde no computador, como há muito não fazia, mas foi uma delícia. Enquanto ia escrevendo, pensando, refletindo, encadeando as idéias e narrando os causos fui me animando. Comecei a lembrar do Trem do Samba do ano passado, eu e Eugenia no vagão da Velha Guarda do Império Serrano, cantando animadíssimas todos os sambas. Chegou um momento que eu queria era samba. Que congresso de cu é rola, eu quero é sambar! Era uma quinta-feira, pensei no Clube dos Democráticos, distante duas quadras da minha casa devia estar bombando. Lembrei de uma das últimas vezes que estive lá: tava tristonha, subi na sandália mais alta e caí no samba. Foi uma noite perfeita! Puta que pariu, no dia seguinte eu tinha que estar cedo na repartição. Quem foi o idiota que inventou vida profissional antes das 10h da manhã, hein? Que merda. Ok, terminei o artigo e enviei. Que delícia, ficou uma lindeza de doer, quase de arrepiar. Ai, acho que vou ligar a maquininha de escrever artigos e soltar todo samba que tenho dentro de mim, toda a topofilia pelo Rio de Janeiro. Deixar o balé do lugar fluir e refluir, construindo mapas sensíveis da minha cidade, a cartografia da coreografia urbana do Rio de Janeiro, vou dar vazão a tudo em quilos de artigos acadêmicos, forjando e atualizando representações sobre a identidade cosmopolita carioca, sobre o "ser carioca". Ai-ai-ai. Adoro minha pesquisa, mas gosto mesmo é de sambar. Ei, O Orientador, não se anime. Isso é chilique que dá e passa.
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