quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Insegura

Segunda-feira de manhã fui na minha terceira consulta com a ortodontista e não fui feliz. Acordei péssima, sem a menor vontade de ir. Meu fim de semana havia sido difícil e eu estava me sentindo triste, fragilizada, insegura. Quase liguei pra desmarcar, mas achei melhor ir e expor minha insegurança, conversar com ela. Humpf.

Teoricamente ela iria colocar os anéis que vão segurar meus molares pra eles não andarem depois que forem extraídos os dois primeiros pré-molares. Aí que tá. Não quero extrair dois dentes, descobri que sou apegadinha a eles, que tenho medo que me façam falta na velhice. Sei que o aparelho vai ser desconfortável, que vai doer. Não tenho medo dessa dor física, estou bolada com a dor psicológica de ter perdido dois dentes.

Expliquei que tava insegura, que não queria extrair os dentes, que tava em dúvida. Ela não me deu muita trela, disse que as pessoas inventam problemas onde não tem. Que se quiser ela não extrai os dentes, apenas alinha, mas que daí vou ficar dentuça pq os da frente vão se projetar pela falta de espaço. Eu disse que ia pensar e ela foi colando os bréquetes nos meus dentes para não "desperdiçar a consulta". Fiquei chateada, eu não queria fazer nada, apenas conversar. Não me importo de "desperdiçar a consulta", quem paga sou eu, oras. Claro que eu poderia ter mandado parar, mas só que eu tava num dia pior do que os outros, tinha ido chorando no ônibus. Não tava em condições de peitar a torturadora. Chorei enquanto ela colava as porcarias nos meus dentes.

Agora estou pior ainda, não de ânimo, disso melhorei, mas em relação a ela. Perdi a pouca confiança que tinha. Já não sei mais se quero usar aparelho. Como lembrou Mãe Camila, calça de veludo ou bunda de fora. Ou os dentes ficam perfeitos ou não uso caralho de aparelho nenhum. Mas também não quero tirar dois dentes. Sem falar que estou num momento péssimo da vida, cheia de problemas.

Acho que pensei pouco antes de começar esse tratamento. Devia ter avaliado melhor. É que tô acostumada a ir fazendo tudo, "fazendo o que tem que ser feito", mas esse tempo acabou. Não sou mais forte, não sou mais durona. Estou cansada. Ai-ai-ai.

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