quarta-feira, 25 de março de 2009

Reflexões

Domingo tive um grande aborrecimento. Mexeu muito comigo e tenho pensado em seus desdobramentos até agora. Ainda não tenho opinião formada, não cheguei a nenhuma conclusão, mas certamente o resultado será impactante em minha vida, na minha maneira de olhar e interagir com o mundo e as pessoas. De qualquer jeito, já mudei.

Engraçado que eu tinha comentado uns dias antes que meu novo exercício de vida era manter minha boca grande fechada. Daí, no domingo, em um ambiente no qual me sentia à vontade e segura, baixei a guarda e falei, confiei, ou melhor, nem sequer pensei se devia confiar. Fui, me joguei, fui Roberta Carvalho. Depois, pensando, lembrei da terapeuta dizendo como se surpreendeu de como eu cheguei lá tão inteira, me entregando sem medo, mesmo quando doía. Por diversos motivos, sou assim, me dou inteira.

Ontem fui dormir na casa de Orientador, foi a melhor coisa que podia ter feito na vida. Quando estou triste corro pra lá, pra ele me acolher e me acalentar. Ele cuida de mim. Por outra coincidência da vida, ele tá no mesmo momento que eu, exercitando fechar a boca, se preservar, se guardar, não se expor. Ele me lembrou que vivemos numa redoma, num mundinho protegido pelos nosso amigos, onde cada um cuida do outro e todos somos maravilhosos. Decidimos que a vida é bela e somos otimistas, que transformamos o mundo num lugar melhor de se viver sendo pessoas legais e tentando mudar as coisas no miúdo, no cotidiano, nas relações pessoais, mostrando como o mundo pode se cruel, mas não precisa ser. Mas, às vezes, é preciso se lembrar de como o mundo funciona.

Ontem, O Orientador, me jogou na cara que o mundo não é estranho, é escroto. Que a maioria das pessoas são escrotas, caretas e medíocres. Que, como a gente se cerca de gente legal, quase não percebe, mas que tem que ficar de olho pras almas sebosas não invadirem nossa rede de proteção. Eu dei mole, baixei demais a guarda. Ainda bem que tenho ele pra me lembrar disso.

Daqui pra frente vamos deixar pra contar algumas coisas só entre a gente. Pros outros vamos fazer cara de paisagem, ou carão, conforme a ocasião. Não podemos nos expor, deixar que usem o que dissemos contra nós. Sempre tivemos essa vaidade, esse orgulho de dizer "Meu nome é Roberta Carvalho e eu faço o que eu quiser, não homologo autoridade alguma e não devo satisfações a ninguém. Eu pago meu macarrão e ninguém tem nada com a minha vida". O negócio, como definiu perfeitamente O Orientador, é que com essa postura, a gente não paga só o nosso macarrão, paga o macarrão dos outros, o vinho e a sobremesa, enquanto esses merdas sórdidos ficam quietinhos.

Sim, é esse tipo de gente que fode o mundo, mas não vamos deixar mais que eles fodam com a gente. No meu caso, tem um componente de trauma de família, porque fui criada com a minha mãe dizendo pra não confiar em ninguém, a não contar nada pra ninguém, atormentada em seus delírios persecutórios. Como meu maior medo sempre foi ficar igual a ela, sempre fiz questão de me expor. Eu conto e pronto, quero ver quem cala minha boca. Claro que nossa postura passa por uma vaidade e por uma arrogância de "caguei pros medíocres", e por uma postura política de se colocar no mundo e reafirmar nossa postura em um mundo muito careta, mas cansa. Não quero mais pagar a conta deles. A saída encontrada é sermos mais arrogantes ainda, só falarmos entre nós e colocarmos os idiotas no lugar deles, mas apenas em silêncio. O lugar deles não é ao nosso lado, privando da nossa confiança e intimidade.

Certo de tipo de post acabou. Vou pensar muito bem antes de contar isso ou aquilo agora. Vou deixar pros jantares na casa de O Orientador, pra rirmos juntos, pois enre nós não há segredo.

Não sei se já contei pra vocês, mas O Orientador é a pessoa mais parecida comigo que já conheci em toda a minha vida. Só que ele é melhor ainda, daí ele é meu ídolo, meu muso, minha inspiração. Sou realmente uma pessoa de muita sorte por ter encontrado ele.

10 comentários:

Eugenia disse...

garota... esse post foi duca.
beijo grande e tenha 1 ótima viagem. qq coisa nos falamos sobre os embalos de sábado à noite.

Fabricia Romaniv disse...

Roberta

eu sou um tipo de pessoa que acha que o mundo é cor de rosa...todo mundo quer o seu bem e tal...E quando acontece alguma coisa legal em minha vida, saia contando para todo mundo...pois é não conto mais...

Tomei um "tapa" de luva de pelica com a minha terapeuta q eu não esperava...nunca fui arrogante com as pessoas, mas tem gente que merece...

Então...feche a boca...

beijos

Anônimo disse...

Acho que vc escreveu tudo pra mim. Obrigado. Nem minha terapia de segunda à tarde deu conta de uma situação vivida também no domingo, como isso que vc escreveu. Obrigado, Minha Orientadora.

Ana disse...

Bem vinda ao meu mundo...:/
Bjos

Anônimo disse...

É, então estou no clube.
O Orientador está certo, o mundo é escroto e quem se expõe demais (feito eu tb) só se fode.

Anônimo disse...

É, então estou no clube.
O Orientador está certo, o mundo é escroto e quem se expõe demais (feito eu tb) só se fode.

Unknown disse...

nossa. q chato, seja lá o q for q tenha acontecido. Gil

Anônimo disse...

Oi Roberta, de vez em quando leio o seu blog, acho muito inteligente e interessante as suas observações da vida, mas até então nunca te deixei um comentário, acontece que agora me identifiquei bastante com o que vc escreveu.. tbm sou assim e falo muito, mais cedo ou mais tarde arrependo. grande abraço. Luana

Unknown disse...

foda-se o mundo rô

não fechemos jamais nossas bocarronas

comamos todos com pimenta

antropofagicomensais
amais desde os andrades

bjim

me aguarde

gigi

Helga disse...

"almas sebosas". Já ouvi isso antes, de onde?