terça-feira, 28 de abril de 2009

Péssimo dia

Hoje foi um dia pior que os outros. Acordei cedo e mal-humorada, como era de se esperar. Tomei meu banho tão quente quando a merda do chuveiro elétrico permite, me arrumei e fui tomar café. Enquanto o pão tava na sanduicheira, fui calçar o sapato. Volto e tá um cheiro de queimado da porra. Só podia ser a sanduicheira de merda que tava derrendo. Peguei um pano e puxei correndo pelo fio mesmo, achando que era algo encostado. Nada, era a tomada. Comi meu pão não-suficientemente tostado e fui embora.

Na rua, percebi que tava calor e eu tava com uma roupa quente. Acho que uma nuvem fica estacionada no céu em frente à minha janela. Sempre que tá nublado e, na rua, descubro que tá sol. Fui pro ponto. Depois de esperar uns 10 minutos, resmungo "putaquepariu, tá demorando pra caralho" e, no mesmo instante, lembro que terça é dia de aula. Ainda bem que demorou, ou eu teria ido pego ônibus pro trabalho.

Caminho uma quadra e espero no sol o ônibus pra zona sul. Mais dez minutos e vem o 433. Vou em pé, é claro. No caminho passo pela sede do Botafogo e há uma fila enorme, no sol. É, o mundo é estranho. Eu queria estar dormindo e tem gente que tá de pé numa fila, pegando sol na moleira, por gosto. Eu não fico em fila pra comprar ingresso pra nada. Aliás, só fico em fila se não tiver jeito. Enfim, azar o deles.

Pelo menos cheguei na ECO faltando 20 minutos pra aula. Fui à xerox, pegar o texto de terça que vem. LOTADA. Fui pra sala. A aula foi ótima, mas na saída tive que encarar a xerox abarrotada de novo. Cerca de 180 páginas não tão facilmente digeríveis para a próxima semana. É a vida, a alternativa é ser tosca. Eu passo, prefiro estudar. Quando me perguntam pra que eu estudo, pra que quero fazer doutorado respondo que é para não ficar tosca.

De posse do volume de papel fotocopiado, fui para o ponto de ônibus, afinal a gincana tava na metade: ainda tinha o expediente na repartição. Resolvi esperar pelo 484B, que vai pela Perimetral e tem ar condicionado. Ele demorou e, quando veio, passou por fora. O motorista me ignorou e foi embora. Peguei o 484 comum, lerdo e calorento e fui pro trabalho sacolejando, suando e lendo Hobsbawm falar sobre Marx e a História.

Cheguei esbaforida, larguei o volume e a bolsa na mesa, liguei o computador e corri pra almoçar. Havia pouca gente na sala, os cálega tinha sumido quase tudo. Meu chefe foi comigo, mas ele tava com cara de poucos amigos. Fomos conversando sobre gatos, nosso assunto em comum favorita, daí acabamos sorrindo um pouco, apesar da comida podre e cara que nos servem. Ele me sacaneia por causa dos meus resgates felinos, mas confessou que nos tempos de faculdade já teve 18 gatos, sendo uma sem pata e outra sem olho. Hoje ele tem só dois, um amarelo e uma pretinha. No fim do almoço, sempre tomamos um café expresso, pra nossa vida ter alguma alegria.

Quando finalmente sentei a bunda pra trabalhar, havia 500 quilos de tarefas e e-mails acumulados, mas a rede tava péssima e suei pra conseguir dar conta pelo menos do inadiável. Saí mais tarde do que meu horário.

Como cheguei em casa mais tarde que o usual, corri pra academia sem comer. A dor de cabeça aumentou e levei meia hora a mais que o normal. Quando saí, peguei o celular pra ligar pra uma amiga com quem tinha marcado de jantar. Ela cancelou. Então vi que meu amigo Gueto Blaster tinha ligado. É incrível como ele consegue só me ligar quando não posso atender. É na terapia, na academia, no dentista, no meio de reunião. Um talento!
Daqui a pouco ligo pra ele.

Do fitness club, parti para o supermercado. Fazer compras com fome não é muito inteligente, mas meu foco era no material de limpeza. Botei força na peruca e fé em Zambi e logrei êxito: de comida trouxe apenas duas caixas de leite, uma de corn flakes, uma bandeja de iogurte, um pote de alho picado e um saco de ervilhas congeladas. Básico.

Enquanto esperava o elevador, o porteiro me entregou a correspondência. Contas, é claro. Telefone e aluguel.

Agora estou aqui, sentada na cama, computador no colo e uma puta dor nos músculos dos ombros. Vou tomar banho e dormir, quem sabe amanhã será um dia melhor, pelo menos em dor de cabeça.

6 comentários:

Gisele disse...

Tem dias em que os contratempos fazem fila para nos saudar.
A única coisa boa é que eles também chegam ao fim, apesar de muitas vezes parecerem ter mais de 24 horas...
Beijos e uma boa quarta-feira pra você!

Fê Galvão disse...

ervilhas congeladas? invejo sua força de vontade. qdo vou ao mercado com fome volto com uma barra de chocolate debaixo do braço.

Helga disse...

Hhahahah tem dias que valem por 2 logo. :P

roberta carvalho disse...

Gisele, hoje o dia foi melhor, mas perdi a hora de manhã e continuo com dor de cabeça.

Fernanda, já não sou magra sem comer doces e frituras, se começar a comer...

Helga, o de ontem valeu por uma semana.

Nanda Coelho disse...

adorei!!!

Anônimo disse...

e o tempo TPM