Império Serrano 2010

Sou imperiana de fé e adoro desfilar, mas esse negócio de sair de casa já montada ainda com sol enfraquece. Pior, o Império entrava pela Praça XI e nenhum táxi quis me levar, fui andando. Cheguei exausta, suada e mal humorada na concentração.

Tudo bem, sentei no meio-fio fervendo pra suar a bunda e fiquei de papo com os cálega de ala: melhorei. Quando começamos a arrumar a ala e cantar o samba eu já tava emocionada e nem lembrava mais que tinha ido à pé com aquele caralho de fantasia quente, chapéu do capeta na cabeça e carregando um estandarte.

Éramos a segunda escola a entrar na Avenida, depois da Unidos de Padre Miguel. Esses sim se fuderam: abrir o desfile às 19h é uma merda. Tava dia claro ainda quando pipocaram os fogos anunciando a escola. Sacanagem, cara.

O desfile não atrasou e entramos por volta de 20h. Já tinha escurecido, mas as arquibancadas tavam bem vazias ainda. Confesso que a língua cortada pelo aparelho me impediu de cantar como em outros anos, mas não fiz feio.

Ao fim do desfile, tratei logo de jogar as merdas das polainas na primeira lata de lixo que vi. Mentira, primeiro tomei águinha da Cedae. Fiquei por lá esperando a bateria: não rola ir embora sem esperar a bateria chegar!

Tive a idéia besta de vir à pé pra casa, afinal, é só atravessar o túnel Martim de Sá (o túnel Frei Caneca) e tô na Cruz Vermelha. É babaca, tá na Cruz Vermelha depois de ter ido à pé pra Praça XI e desfilado com uma merda de sapatilha vagabunda. Bom, quando me dei conta disso, já tava dentro do túnel, não tinha volta.

No início da Henrique Valadares algum cálega de ala tinha abandonado o estandarte encostado numa parede. Botei o meu pra fazer companhia. Na Praça, desamarrei a roupa. Na esquina da Ubaldino tirei o chapéu. Acho que se morasse mais longe chegava em casa pelada.

Pois bem, cheguei, tomei banho, fiz um escalda pés e liguei pra avisar aos amigos que não ia descer pra beber. Tô pisando de lado de tanto que doem meus pés.

Ai, como cansa essa vida de foliã!