Mundo Bizarro II
Conheci o Alessandro na Régis Comunicação e Marketing. Eu era estagiária de jornalismo e ele de alguma coisa como design. A Régis foi o lugar mais estranho q já trabalhei. Fui pra lá por indicação da minha amiga Isabella Sepúlveda, q tb estagiava lá.
As publicações
Pra começar eu escrevia pra uma revista de variedades para médicos, a ‘Colóquio’, q era o carro chefe da empresa, mas as vezes fazia materecas pras outras publicações: Vetnews (p/ veterinários); Farmacix (p/ farmacêuticos) e, o melhor de todos: Jornal do Osso (para ortopedistas). Acho q era o lugar mais bizarro q já freqüentei.
O local
Era uma casa velha no Riachuelo. Tinha uma gata de 3 cores, a Filomena, q dormia por cima dos computadores. Eu gostava dela.
A população
Não podia ir trabalhar de roupa preta, pq o dono da empresa era de uma religião sei lá das qntas q não gosta de roupa preta, detalhe: mais da metade das minhas roupas são pretas. Ele era um coroa gente boa q dizia q era nosso avô e inventava apelidinhos como ‘tchutchuquinha do vovô’ pra gente. Ele comprava coca-cola, sorvete e bolo pra gente lanchar.
O sócio dele, um cheirador, maconheiro, hippie velho, punheteiro e tarado, era um ser de outro mundo. Jornalista, é claro. Ele tinha ciúmes loucos de todas as funcionárias. Mesmo as q ele não ia comer.
Um dia ele chegou pro Henrique, mitomaníaco e algo com faz tudo editor de arte, e pediu:
– Pô cara, por favor, eu te peço, não come a Jamilce não.
Na época de fechamento ele ficava muito trincado e cheirava pra virar a noite trabalhando. Uma vez a outra estagiária entrou na sala dele e se deparou com a cena grotesca do bruto com um rolinho de papel higiênico enfiado em cada narina pq elas não paravam de sangrar.
Henrique
Tava sempre de flerte e sacanagem com a Jamilce, a secretária popuzuda, era mentiroso compulsivo mais cara de pau q eu conhecia até então (sim!!! Já conheci outro pior, mas isso é outra história). Uma vez ele contou q a sogra não gostava dos mamilos, então fez uma plástica e tirou. Ficou com os seios lisos, sem bico. Ok, ok, e quem foi o médico q aceitou fazer isso, hein, Henriqueza?
O vovô chamava ele de Henriqueza, pq ele era nossa riqueza branca, já q todo o resto da população regiana era morena.
Jamilce
A secretária macumbeira e boazuda, era magrinha quase sem peito, mas com uma bunda redonda e durinha. Entre suas pérolas estavam: “hoje estou de bem humor”; “vai na fé de zambi’ e a sensacional ‘meu nome é Jamilce não é bagunça’, essa última era pros dias q ela não tava de bem humor. Uma vez fui na casa dela no Encantado. Comi bobó de camarão e depois ela cortou meu cabelo e fez minhas unhas. Antes de ser secretária ela ensinava datilografia num curso no Méier, onde tb tinha aula de manicure e cabelereiro, então ela aproveitou pra aprender esses ofícios alternativos.
Todos os dias ela chegava na Régis às 7h da manhã e fazia escova nela e na Yasmine, a filha do vovô freak.
Yasmine
Totalmente freak. Era amiga da Jamilce, mas qndo uma das 2 não estava a outra aproveitava pra falar mal. Nunca soube se as histórias q elas contavam eram verdade ou calúnia. Deixa quieto....mas eram engraçadas.
Wagner
Estagiário de design piteuzinho. Éramos amigos e apesar dele ser um gatinho nunca me encheu os olhos. Era viciado em coca-cola como eu. Sempre chegava simulando tremedeira e dizia ‘onde está aquele maravihoso líquido negro?’. O chefe tarado tinha ciúme dele com a gente pq brincavamos de ficar apertando a bunda um do outro.
Luciana
Agora bizarra mesmo era a outra estagiária, Luciana. Acho q era a criatura mais burra q já conheci. Só falava e escrevia merda. Era alta, muito branca com o cabelo comprido cortado em camadas e pintado de preto. Só usava tops, de preferência abertos nas costas, e calças com strech embaladas a vácuo ou, como diz a Ana Paula, no estilo chupa-me. Ela parecia um travesti e na mesma semana q entrou lá esperou eu e a Isa irmos embora pra mostrar pros meninos uma tatuagem q tinha feito no cócix. Um tribal com um unicórnio. Tb tinha um tigre na omoplata. Uma manhã cheguei na redação e meu amigo Zequinha, um dos poucos ‘normais’ naquele antro, me puxou pra um canto.
– Little Bob, vc não vai acreditar. A maluca abaixou as calças na redação e não levantou enquanto todo mundo não foi olhar a tatuagem. Constrangedor!
Ela pegou o Wagner pitéuzinho. Eu vi os 2 em flagrante delito (no maior amasso) encostados num carro na rua ao lado.
Tava saindo de carro com a Jamilce e a Yasmine. Vimos os 2, demos outra volta e a Jamilce gritou ‘uhu! Vai ter cerol’.
Roberto
Era um coroa amigo do dono e não sei bem o q ele fazia lá. Alguma coisa de fotolito. Ele tb era tarado, punheteiro e adepto da mesma religião do vovô gente boa. Como ele queria encontrar Deus não fazia mais sexo há anos. Mas ficava todo suado olhando pra bunda da Jamilce. A gente achava q era desculpa pq a mulher dele era muito tribufú.
Outro dia encontrei o Wagner na Matriz. Mas de resto nunca mais vi essas figuras.
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