O mundo é estranho
Acho que terei que começar a ser dissimulada. Dura essa vida de locomotiva social e mulherzinha intragável, sabe? Acho que vou começar a me fazer de mulherzinha fresca e frágil.
Na sexta um perguntou se eu sou sapatão. No sábado um amigo de um amigo mal me conheceu já tava me tratando como homem. Tá, eu tenho muitos amigos e eles me tratam como igual, até gosto disso, mas recém conhecidos? Não que eu quisesse pegar o bruto, nada disso, mas sei lá, sabe? Fiquei pensando que assim nunca mais eu vou pegar ninguém, pelo menos ninguém sóbrio.
Semana que vem vou pintar as unhas e dar uma batida no meu armário pra ver as roupas de mulherzinha que tenho. Mas o negócio é meu jeito. Vou parar de falar palavrão, ameaçar apertar o saco dos caras e comentar a bunda das mulheres. Mas vocês tão pensando que eu não consigo? Rá! Lembro uma vez, há alguns anos, que encontrei com Vicente Magno saindo do jornal. Ele me perguntou se eu tava fantasiada. Eu tava de saia florida, sapato alto e toda paramentada. Respondi que não, que ia encontrar um bruto. Ele começou a rir. Contei que o bruto tadinho, dizia que eu era tão delicada que ele tinha até receio de me tocar, pois eu parecia uma bonequinha de louça. Rá! Vou voltar a bancar a bonequinha, nem que seja só por esporte.
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