sábado, 9 de maio de 2009

Era pegadinha

Ontem eu tava prontinha pra nem sair, ia ficar em casa descansando minha beleza, mas as amigas Lolita G. e Madame Valente botaram pilha pra irmos pro Juarez, que supostamente teria voltado a ter roda de samba. Parece que a assesoria de imprensa mandou um e-mail para a Agenda Samba&Choro divulgando o retorno da função. Eugenia, que está empreendidíssima na missão de busca e apreensão de um imóvel em Botafogo, não iria, mas resolvemos subir o morro e pegar um sambinha naquele fim-de-mundo. Tá bom...

O balacobaco supostamente começava às 21h30. Marquei 22h na esquina da Gomes Freire com Madame Valente. Esta passaria de táxi e me resgataria. Subiríamos para Santa, fazendo uma parada no Guimarães pra pegar Lolita G. Desconsiderando o fato irrelevante de que Madame Valente apareceu depois das 23h, tudo correu como esperado. Até este ponto, que fique claro.

O táxi subia, subia, subia e nunca chegava aquela merda. Numa encruzilhada da ribanceira, uma blitz. Os PMs eram imensos, negões belzebu bombados de fuzil na mão. O primeiro já resmungou que o táxi não estava devagar o suficiente. O motorista reduziu. Havia uma kombi branca parada sendo revistada um pouco a frente. Ainda bem que não fizemos a pobrinha, pois tínhamos cogitado subir na komba. Daí outro puliça mandou a gente passar rápido "anda, anda, vai que eles tão armados". Que emocionante.

Subimos mais e finalmente logramos êxito, atingimos nosso objetivo e chegamos ao caralho o Bar do Juarez? O samba? Também não sei. Tudo fechado e apagado. Era pegadinha.

- Bora pra Lapa!
- E agora, moço? a gente não pode voltar porque eles tavam armados, pode estar tendo tiroteio!
- É, vai em frente!
- Não, em frente a gente pode cair em alguma favela, em Santa é perigoso ir em frente sem saber pra onde vai se não for nos trilhos do bonde.

O taxista, que já devia estar se divertindo com nosso papo no caminho, cortou a mulherada maluca. "Vou dar a volta e descer por onde viemos!".

Ao passar pela blitz de novo, os "armados" eram pós-adolescente magrinhos ajoelhados na calçada, de cara pro muro, esperando pra tomar porrada. Havia algo ou alguém caído no chão atrás da viatura, sendo vigiado por um PM de fuzil na mão. Mandaram a gente passar rápido de novo.

- Esse policiais são bombados!
- Eles tão cheirados!
- São bombados e cheirados e vão espancar os garotos!

É a vida, mundo cruel, mas não fui eu que fiz ele assim. Vamos atrás de outro samba.

***

Descemos na esquina da Riachuelo e fomos tratar de obter uma cerveja pra clarear as idéias e decidir nosso rumo. O samba baratinho de negócio de R$ 3 e cerveja de garrafa que a gente ia saiu por R$ 30 de táxi. Tudo bem.

Tomamos uma no depósito em frente a Silvio Romero e fomos dar uma pinta na Casa da Cachaça.

- Vamos pra lá que lá sempre tem gatinho.
- Gatinho? Lá só tem mendigo!
- Nada, tem gatinho.
- Onde, na Casa da Cachaça? Difícil gatinho lá, hein...
- Gatinho mendigo, sujo e maltrapilho. De repente, se der um banho...
- Ah, eu gosto de sujinho.
- Tudo bem, não é errado ser assim, gostar de copular com sujinhos. A amizade continua a mesma, mas prefiro limpinhos.
- A gente tem farol pra pobre, né?

Enquanto entabulávamos tão edificante diálogo, nos encaminhamos para o estabelecimento supracitado. Claro que só havia mendigos. Tomamos uma cerveja enquanto decídiamos se era melhor ir pro Galocantô no Mofo Up ou pra festa Dínamo no Multifoco. Resolvemos ir pro samba e, se tivesse caído, íriamos pro rock, afinal essa festa ia até mais tarde.

***

Chegamos no intervalo e demos uma dançadinha no esquenta pra segunda parte do show, claro, munidas de chopinhos. Enquanto moças exibidas, fomos lá pra frente do palco, no gargarejo. Havia muitas cálegas loucas e fizemos logo amizade. Também havia muitos ex-namorados *, daqueles que dá vergonha, sabe? Pois é.

Enfim, o show foi legal, sambamos bastante e só não bebi mais porque tava cheio pra caralho e ficava difícil ir até o bar. Logo que acabou o show, partimos, pois estávamos numa noite acelerada e precisámos exibir nossa beleza em vários lugares, afinal, o povo merece.

***

Partimos para a Dínamo. Por isso (também) que amo a Lapa: do samba ao rock verde em pouco mais de uma quadra. A festa estava como eu esperava, portanto fiquei apenas 15 minutos - contados no relógio e dos mais longos da minha vida - mas não me arrependo de ter ido. Na verdade, fui mais pra apoiar companheira Lolita G., que tava pilhadaça. Assim que vi que ela tava animadinha com sua cervejota na mão, acompanhada de Madame Valente, animadinha com sua caipirinha na mão, ambas dançando, avisei que ia partir.

Foi uma ótima decisão. Fui pra casa linda, loira e cansadinha, dormir o soninho dos bêbados justos.

***

Sabe, o Multifoco é um lugar muito simpáticos, os donos são amigos de amigos, sempre rola alguma festa lá. O negócio é que é quente pra danar, o banheiro é lamacento de fuder e a cerveja nunca tá gelada como deveria. Sabe como é, sou chata, sou uma velha chata. Daí, por melhor que esteja a festa e por mais amigos que encontre, sempre fico mal-humorada e quase-arrependida de ter ido. Por tomei uma decisão drástica: por mais amigo que seja quem convida, não vou mais lá em eventos noturnos. No máximo, dou pinta num lançamento de livro ou coisa parecida. Claro, eu mudo de opinião sem o menor constrangimento ou pudor, mas minha opinião hoje é que nunca mais vou lá.

6 comentários:

Morango sem chantilly disse...

Querida, essas suas amigas! No rpóximo fim de semana, vê se escolhe melhor as companhias. Esse negócio de policial bombado e sujinto é foda!!!

Ana disse...

Que sorte a minha ter apagado, teria ficado muito puta de gastar dinheiro pra nada.

roberta carvalho disse...

Graci, tenho que parar de andar com jornalista. Sabe como é, tudo safado, tudo baixaria.

Ana, foi exatamente o que eu pensei. Ri sozinha imaginando vc resmungando.

Parece que a creatura que enviou o e-mail esqueceu de avisar que era a partir da próxima sexta, dia 14.

Helga disse...

"Também havia muitos ex-namorados *, daqueles que dá vergonha, sabe?"

Sei não, comassim?

"quase-arrependida de ter ido"

Isso me acomete MUITAS vezes.

Morango sem chantilly disse...

Jornalista gosta de dá uma cu e só fala merda!

roberta carvalho disse...

Helga, é uma piada interna, uma brincadeira entre mim e minhas amigas debochadas. Sempre que estamos em algum lugar e aparece algum homem muito feio ou esquisito uma fala "ih, ali seu namorado" ou "olha, ele veio com a camisa que vc deu pra ele" e a outra "é, ele quer voltar, mas não quero ele de volta", essas palhaçadas.

Graci, tudo safado!