domingo, 2 de novembro de 2008

Reflexões

Andei pensando na minha vida e cheguei à conclusão que estou infeliz desde que mudei de emprego. Sei que com o tempo vou me acostumar, mas ainda não consegui e vivo num estado de mau humor, tristeza e sono quase constante. Quanto a isso, eu já tava semi-conformada, pois afinal, algum dia eu acostumo, mas a questão é maior: não é só a coleção de detalhes desagradáveis e o sono. A questão da inadaptação é maior.

Desde que fui pra lá perdi o rumo da minha vida. Eu acostumei a acordar no horário, mas não a estar acordada naquele horário. Dói e muito. Daí vivo burra e cansada. Até a hora do almoço sou um ameba mal-humorada. Depois até consigo produzir algo que se aproveite no trabalho, mas não na minha vida. Não consigo estudar, blogar, escrever. Não tenho concentração, não tenho criatividade, não sou produtiva.

Nem sequer consigo pagar as contas em dia. Outro dia cortaram meu gás por falta de pagamento e a conta era de R$ 14. Tá, já coloquei em débito automático, mas o buraco é mais embaixo, entende? Não consigo marcar com o faz-tudo pra consertar o disjuntor do chuveiro e ele queimou. Tô tomando banho de cuia. Não consigo marcar para o homem das Casas Bahia vir trocar o tampo do meu criado mudo que veio com defeito. Não consigo comprar o caralho das cortinas e já desisti de colocar uma prateleira no armário embaixo da pia. Claro que não consigo marcar médicos ou tomar decisões mais importantes. Essas coisas idiotas simplesmente se tornaram "trabalho demais, complicadas demais".

Claro, minha vida social também foi para o caralho, afinal, quem está disponível às 17h30? E de que me adianta ir para o bar no horário que todos chegam, às 21h, se vou ter que ir embora no máximo à 0h30 e vou ficar com sono e mau-humor extras no dia seguinte? Quando chega o fim-de-semana só penso em dormir até o cu fazer bico e não quero ver ninguém, não quero interagir com gente. Também deixei de ir à praia. Minha maior alegria é levantar às 17h no sábado.

Os idiotas vêm me dizer "Ah, mas você sai às 17h!". Sim, saio às 17h, e daí? Foda-se que eu saio às 17h, grandes merdas sair do trabalho às 17h. Que me adianta se saio de lá imprestável para qualquer atividade intelectual? Que me adianta se saio de lá pensando apenas em dormir e venho cochilando no ônibus, mas quando chego em casa o sono passa e mesmo que eu deite cedo nunca pego no sono antes de 1h da manhã. Chego em casa, tomo um banho, esquento alguma porcaria para comer e ligo a TV. Passei a assistir novelas e programas populares, pois não tenho cabeça pra nada. Nem pra ler revistas femininas ou fazer palavras cruzadas.

A questão, maior do que a do sono/mal-humor/tristeza, é a da bagunça que minha vida se transformou. A questão é que não tenho tempo pra nada, não consigo gerir meu tempo pra dar conta da minha vida. Tô vivendo um inferno.

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